Doença silenciosa, a periodontite pode reduzir o desempenho animal em até 30% e é muito mais comum do que se pensa, atingindo rebanhos de todo o Brasil.
Mesmo investindo em genética, sanidade e bom manejo nutricional, você continua tendo “animais de fundo” e vacas que não emprenham em seu rebanho? Pois, fiquem atentos. A causa desses problemas pode estar na boca dos bovinos. Como os humanos, eles também têm cáries e doenças periodontais de origem bacteriana, que podem provocar desde inflamações na gengiva (gengivites) até distúrbios mais graves, como reabsorção óssea, retracção gengival, afrouxamento e perda dos dentes. O animal atingido pelo problema tem dificuldade para comer, perde peso e apresenta baixo desempenho reprodutivo, sem que o pecuarista descubra a verdadeira causa. Fique esperto, pois o boi também precisa ir ao “dentista”, neste caso um veterinário treinado, capaz de avaliar problemas periodontais. Para garantir o bem-estar dos animais (que sentem dor) e evitar prejuízos econômicos de até 30%, é necessário incluir exames periodontais no protocolo sanitário anual da fazenda e dar maior atenção à saúde bucal bovina, dizem especialistas.
O motivo desse alerta vem do campo. Desde os grandes surtos da chamada doença da “cara inchada” – periodontite agressiva que fez estragos nas décadas de 60 e 70, depois considerada extinta –, os produtores não prestam muita atenção à boca do boi, mas estudos recentes fizeram uma descoberta importante: essa doença nunca desapareceu. Pelo contrário, continua fazendo vítimas de forma silenciosa. Desde 2016, pesquisadores estão indo a campo inspecionar a boca dos animais com sonda periodontal milimetrada (a mesma usada por dentistas) e têm se deparado com uma realidade assustadora: animais de todas as idades, de norte a sul do País, apresentam lesões periodontais que comprometem o ato de apreensão e mastigação do alimento, prejudicando seu desempenho. “Como, atualmente, há poucos casos de abaulamento lateral do osso maxilar, sintoma mais agudo e visível da cara inchada, tem-se a impressão de que a doença desapareceu, mas ela está lá, ao bolo, e precisar ser monitorada”, explica o professor da Unesp Araçatuba, Iveraldo Dutra, que coordena um grande projeto de pesquisa nessa área.
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